“Dia do Ponto” em AL

PONTOS DE CULTURA COLOCAM O BLOCO NA RUA NA DEFESA DO PROGRAMA CULTURA VIVA

Mais de 150 representantes e ativistas do Pontos de Cultura de Alagoas tomaram, literalmente, a praça Floriano Peixoto, para celebrar o Dia do Ponto com o lançamento e distribuição de Carta Aberta e coleta de assinaturas para o Abaixo-Assinado em defesa do Programa Cultura Viva.

 Por Gal Monteiro

No início da tarde de ontem (18/04), instituído o Dia Nacional do Ponto, a Rede Alagoana de Pontos de Cultura – seguindo o ritmo do movimento que acontece em todo o país – colocou, literalmente, o bloco nas ruas de Maceió, no Ato Público em defesa do Programa Cultura Viva.

Representantes de Pontos de Cultura de diversos municípios alagoanos leram e distribuíram a Carta Aberta e lançaram o Abaixo-Assinado que circula Brasil afora, sob a coordenação da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura. A Carta e o Abaixo-Assinado foram entregues ao secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, por uma representação da Rede. O mesmo procedimento deverá se repetir em relação a prefeitos, câmara de vereadores e secretários da Cultura de todos os municípios alagoanos onde existem Pontos de Cultura.

A chuva que caiu durante todo o dia provocou mudanças na programação e no local da manifestação, mas não impediu que cerca de 150 palhaços, cantores, atores, pastorinhas, cirandeiros, malabaristas, cordelistas, guerreiros, batuqueiros e ativistas dos Pontos de Cultura mostrassem sua arte, uma espécie de vitrine do trabalho desenvolvido pelos ponteiros, em seus respectivos municípios.

Eles foram chegando aos poucos, de forma pacífica, colorindo e animando a praça Floriano Peixoto, na ruidosa alegria de quem ama e se compromete com o que faz. A escolha do lugar – em função da mudança de planos motivada pelo temporal – não foi aleatória: aquela praça já foi palco de grandes manifestações políticas e culturais, em vários momentos da história da cidade e, atualmente, abriga parte do Centro Administrativo, incluindo a Secretaria de Estado da Cultura / Museu Floriano Peixoto, até pouco tempo, o Palácio do Governo.

A fonte luminosa estava lá, bem no meio, agora inexplicavelmente desativada. Durante muitos anos, foi ícone da paisagem urbana de Maceió, com águas “dançantes” que mudavam de cor ao som de músicas suaves, alegria de crianças e amantes da praça. Nessa tarde, resignada em seu silêncio seco – quem sabe esperançosa de voltar a funcionar, contagiada pela efervescência dos “ponteiros” – testemunhou, as apresentações das crianças batuqueiras do Enseada das Lagoas, situado na comunidade de pescadores do bairro histórico de Jaraguá; dos meninos do grupo Pau e Lata, do Ocão de Leitura/Palmeira dos Índios (AL); do pastoril da Associação dos Aposentados e do teatro de jovens, ambos apoiados pelo Meninos do Sítio, de Igaci/AL; do grupo afro do Quilombo Cultural dos Orixás, na Ponta da Terra; dos malabaristas e palhaços do Armazém do Circo; dos cirandeiros do Face a Face, do bairro Salvador Lyra; dos cordéis assinados pelo ator e agitador cultural Rogério Dias, do projeto Quintal das Artes.

 “Faremos o possível para que a proposta dos Pontos seja aceita pelo plenário e, desde já, contem com nosso apoio para ouvir e debater as demandas da Rede Alagoana” (Deputados João Henrique e Judson Cabral)

 A movimentação que atraiu a atenção de passantes, ambulantes, imprensa e servidores públicos – que esticavam a cabeça para assistir ao espetáculo das janelas de suas salas – foi crescendo ao longo da tarde, culminando com um cortejo pelas ruas do centro, em direção à Assembléia Legislativa. A chuva ia e voltava, como se testando a tenacidade do povo dos Pontos, mas o cortejo chegou ao seu destino, enfim.

Naquele momento, as tribos Kariri-Xokó, Xucuru-Kariri, Tingui-Botó, Aconã, Karapotó, Geripancó, Wassu-Cocal, Katökinn, Karuazu, Kalankó e Koiupanká ocupavam o plenário da Casa Tavares Bastos, na Sessão Pública Especial em homenagem ao Dia do Índio que, para eles, é dia de luta pela conquista e manutenção de direitos mínimos da cidadania como “a criação dos Grupos Técnicos para identificação e demarcação dos territórios tradicionais, a indenização dos impactos provocados pela duplicação da BR-1001 e da Transnordestina, a Educação Escolar Indígena do Ensino Fundamental, Médio e Superior e estruturação de Secretaria de Saúde Indígena, atendendo às históricas reivindicações dos povos indígenas e das entidades não-governamentais”.

Juntamo-nos a eles, enquanto uma comissão formada por representantes dos Pontos de Cultura Direito de Ser Feliz (Capela/AL), No Tom da Cidadania (Maceió/AL), Quilombo Cultural dos Orixás (Maceió/AL), Fala Quilombo (Santa Luzia do Norte/AL) e Resgatando a Cultura para um Novo Tempo (Ibateguara/AL) protocolava um requerimento, acompanhado da Carta Aberta e Abaixo-Assinado, ao presidente da ALE, deputado Fernando Toledo, solicitando uma Sessão Pública em defesa do Cultura Viva.

O deputado João Henrique Caldas (PTN), primeiro parlamentar a assumir o compromisso de encaminhar as demandas da Rede Alagoana, usou a palavra na tribuna para registrar a presença e a reivindicação dos Pontos. Ao final da Sessão, a representação da Rede foi recebida pelos deputados João Henrique Caldas e Judson Cabral (PT), presidente da Comissão de Cultura da ALE que ratificaram seu apoio e o compromisso de assumir, junto aos seus pares, a defesa da proposta de realização da Sessão Pública dos Pontos de Cultura.

Ficou definido, ainda, que esses parlamentares e o representante de Alagoas na Frente Parlamentar, deputado Givaldo Carimbão (PSB), serão convidados para ouvir e debater o Cultura Viva e outras demandas com a Rede Alagoana de Pontos de Cultura, no dia 8 de maio.

              

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