“Dia do Ponto” no Rio de Janeiro

Por Davy Alexandrisky

Ainda não era meio-dia e o ônibus vindo de Macuco, interior do Estado do Rio, estacionava em frente ao Palácio Gustavo Capanema, para permitir o desembarque do primeiro grupo de Ponteiros que chegava paramarcar o ponto nas celebrações programadas para o “Dia do Ponto”, neste 18 de abril, dia da Mobilização Nacional de apoio ao Programa Cultura Viva.

Impecavelmente vestidos de branco, com bonés semelhantes aos dos oficiais da Marinha, harmônica, percussão, estandarte, foram descendo, um a um, num fantástico desfile intergeracional.

Brincantes de 8 a 80 anos, os Foliões de Reis “Mensageiros dos Reis Magos” chegaram e foram se espalhando entre os pilotis do Palácio.

Quase ao mesmo tempo eram as meninas da Associação Dançando Para Não Dançar que desembarcavam no local, transformando o espaço num imenso camarim, umas maquiando as outras e ajeitando os tradicionais coques, dos penteados das bailarinas.

Logo depois foi a vez da caravana de Paraty chegar trazendo um delicioso café da roça, com inhame, bolo e suco de Jussara, caldo de cana, bolinho de chuva e outras iguarias, que se juntaram aos sanduiches da nossa ponteira Alair Lalá e os bolos do Pim, para o farto lanche de confraternização, que marcou o encerramento do encontro.

De repente, vindo de longe, na direção de onde nos encontrávamos, se via uma cabeça gigante da nossa Presidenta Dilma, em meio ao povo daquela movimentada região do Centro da Cidade.

Era a Boneca Dilma, com seus dois metros e meio de altura, que participou de todas as passeatas durante a campanha eleitoral que levou a Presidenta ao Planalto, que chegava para dar o clima do Manifesto.

Estava começando mais um grande momento do Programa Cultura Viva, que ao longo daquela tarde, como de costume, desescondeu o Brasil profundo e periférico, que teima em não deixar morrer sua cultura de raiz, autêntica e original.

Um tarde de Folias de Reis, Jongo, Maculelê, Cirandas, Chorinho, Samba, Balé, Capoeira e outras atrações.

Um momento de encantamento, que juntou a Ponteirada vinda de todo canto do Estado, para festejar o Programa Cultura Viva, como um alerta de que estaremos sempre vigilantes para garantir a continuidade com avanços deste Programa que já afeta a 8.000.000 de Brasileiros.

Não tem zero a mais, não. São realmente oito milhões de brasileiros afetados, direta ou indiretamente, pelo Cultura Viva, como aponta recente pesquisa realizada pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Um Programa que nos últimos 6 anos consagrou, nacional e internacionalmente, uma política pública de cultura sólida, que empodera seus participantes com autonomia e protagonismo.

Ponteiros do Rio, Niterói, São Gonçalo, Mesquita, Caxias, Nova Iguaçu, Friburgo, Macuco, Cabo Frio, Paraty, Vassouras, Porto Real, Quissamã, Magé envolvidos nas apresentações e produção, além dos Ponteiros, de outras localidades, que vieram na intenção de participar deste Manifesto.

Num clima de paz e muita criatividade permanecemos reunidos nos pilotis do Palácio Gustavo Capanema, sede da Representação do MINC RJ/ES, cantando, dançando e reafirmando nossa vigilância para não permitir qualquer solução de continuidade do Programa e cobrar soluções para os problemas burocráticos e econômicos que ameaçam bom andamento das ações executadas pelos Pontos de Cultura.

Um Manifesto prestigiado pelos transeuntes que paravam para acompanhar e se divertirem com as atrações que se sucediam, com breves intervalos para declarações de apoio ao Programa, feita pelos Ponteiros e autoridades.

A Deputada Benedita da Silva dançou Jongo com os Quilombolas do Quilombo de Campinhos; o Deputado Molon hipotecou solidariedade ao Movimento, num breve pronunciamento; o Vereador Reimont, da Frente de Comunicação e cultura, também participou conosco do Dia do Ponto.

Vale destacar que a escolha do local para esta manifestação se deu pela convicção de que somos o MINC e o MINC é Ponteiro. Foi na sede desta Representação que nasceu e se desenvolve há cinco anos o PDCRJ/ES – Fórum dos Pontos de Cultura RJ/ES, sempre muito bem acolhido pelo seu corpo funcional.

André Diniz, atual Chefe da Representação MINC RJ/ES, honrando a tradição dos seus antecessores, Adair Rocha e Mirane Albuquerque, abriu as portas da Representação, dando todo o apoio de infra-estrutura solicitado pelos Pontos de Cultura do RJ/ES para nossa manifestação neste Dia de Mobilização Nacional, abrigando em um dos seus auditórios a primeira consulta pública da Frente Parlamentar de Cultura sobre o PL da Cultura Viva.

Nesta primeira Consulta Pública, justamente no Auditório Muniz Aragão, onde nasceu o primeiro Fórum de Pontos de Cultura do Brasil, quando e onde o Ministro Gilberto Gil, o Secretário da SPPC (depois SCC, hoje SCDC) Célio Turino e os Ponteiros do Estado, enfrentaram a primeira grande crise do Programa Cultura Viva, em 2006, inaugura-se o processo que pretende transformar um Programa de Governo em Programa de Estado: o PL Cultura Viva.

Na presença de Célio Turino, agora na qualidade de um cidadão brasileiro comum, amante e profundo conhecedor da Cultura Popular brasileira, e da Presidente da Frente Parlamentar de Cultura do Congresso Nacional, Deputada Jandira Feghali, Ponteiros e militantes culturais do Estado lotaram o Auditório e iniciaram a discussão sobre o texto da Lei, reforçando que o PL deve tratar prioritariamente das alternativas à Lei 8666 e das relações entre o Estado e a sociedade civil.

Na ocasião foi tirado o indicativo para o dia e local da primeira Audiência Pública do PL Cultura Viva: dia 25 de maio, no Congresso Nacional.

Às 21:30h, nove horas após o início das ações do Dia do Ponto, sem um segundo de dispersão, encerramos, em torno da mesa farta, de um saboroso café da roça, esta manifestação preparatória para o Encontro Nacional dos Pontos de Cultura, dia 25 de maio, em Brasília, com a certeza de que o que nos une é muito mais forte do que os possíveis conflitos e divergências no seio do Movimento.

 

Um comentário sobre ““Dia do Ponto” no Rio de Janeiro

  1. Davy, seu relato é um conto maravilhoso que deveria ser publicado em várias línguas, porque você consegue transformar em palavras as cores, os sentimentos, os movimentos, os sons e os sabores. Vamos aprovar a Lei Cultura Viva instalando uma nova cultura política: A cultura de PAZ! Beijo grande.

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